CERRADO IMPRESSIONISTA

Há ocasiões em que a atividade fotográfica é um processo de total desprendimento. Quando não existe o arbítrio e um objetivo do que se deve fazer, o procedimento torna-se puramente intuitivo. Entramos em um espaço sem fim, onde nada é determinado ou pré-estabelecido. O compromisso é a identificação com o encanto, que nos manifesta.

Imbuído desse preceito, o fotógrafo austríaco Ernst Haas disse certa vez que a fotografia é um grande oceano onde nadamos de várias maneiras e em diferentes profundidades. Penso que essa percepção tem a ver com o que estamos falando.

Digo isso porque no segmento do nosso trabalho profissional estamos sujeitos a obedecer a diretriz de quem nos contrata. Ou seja, temos que captar as imagens de acordo com que o cliente deseja. Não há o que discutir, o resultado tem que agradar o contratante.

Como caminho pelo cerrado todos os dias, essa soberba vegetação nos proporciona sobremaneira uma fotografia livre. Deparamos com maravilhosas composições tanto no espaço da aberração cromática quanto na forma estética.

A Energia Vital se expressa nas várias formas de vida, nos concedendo um espetáculo grandioso.

E no contexto do impulso criativo e artístico surgem momentos em que a pintura e a fotografia apresentam expressões comuns. Sendo que da fonte em que bebem os artistas plásticos para borrarem suas belas telas, sacia também a sede dos fotógrafos sensibilizados pela luz.

A exposição CERRADO IMPRESSIONISTA, como outras autorais que realizei, foram elaboradas em intervalo de tempo de total descontração e harmonia momentânea com a imagem que se apresenta em nosso universo.

É um projeto pessoal!

luiz clementino